Na mitologia grega, Narciso era um jovem bonito e vaidoso.

Um dia, Narciso curvou-se para beber água em uma fonte e, vendo sua própria face refletida na água, enamorou-se dela.

A lenda nos conta que ele foi definhando, dia após dia, sem se alimentar, sem descansar, encantado pelo reflexo de sua própria imagem na superfície da água, até morrer.

Foi Sigmund Freud que acrescentou o termo narcisismo ao vocabulário da psicologia para designar amor à própria imagem.

O termo contemplava também a etapa do desenvolvimento na qual a criança faz do próprio eu o objeto principal de seu amor.

Segundo o Manual Americano de Diagnóstico de Distúrbios Mentais, narcisistas são indivíduos arrogantes e convencidos, que têm fantasias magníficas sobre si mesmos.

Eles superestimam seu sucesso, precisam ser constantemente admirados e sempre esperam tratamento preferencial.

Os narcisistas estão convencidos de que merecem mais do que recebem. Preocupam-se em ter boa aparência e manter-se jovens.

Não são sensíveis às necessidades e aos problemas dos outros.

Com pouca tolerância para crítica, frequentemente reagem com fúria a ofensas reais ou imaginárias.

Em suma, os narcisistas focalizam a si mesmos, fascinados com sua personalidade e seu corpo.Com um individualismo atroz que carece de valores morais e sociais e se desinteressa por qualquer questão transcendental.

Percebe-se que o distúrbio em questão é bastante sério, e comum de se encontrar nos dias de hoje.

Vivemos dias em que cultuamos o narcisismo, seja na esfera individual, coletiva e das grandes mídias.

Muitos valores do mundo contemporâneo não passam de consequências de um narcisismo disfarçado de bem-estar, de saúde, de prazer.

Dessa forma, faz-se urgente uma revisão em todos os valores que temos, em todas as coisas a que damos importância e em que aplicamos nossas energias.

nas adolescentes anoréxicas; no exibicionismo de corpos esculturais na televisão; nas cirurgias plásticas excessivas; nos expectadores que compram quaisquer novas ideias impostas pelas mídias, percebemos o narcisismo reinante.

Talvez seja necessário relembrar as consequências do comportamento de Narciso.

Iludidos pela imagem do corpo, pela superficialidade dos valores do mundo, não só o corpo, mas sobretudo a alma acaba definhando, perdendo-se num mar de ilusões passageiras.

*   *   *

Ainda há tempo de perceber que a imagem do espelho não representa quem somos. Não é nossa essência, e sim apenas uma vestimenta temporária.

O verdadeiro eu é a alma imortal, a alma que aprende, que luta, que se desenvolve.

A verdadeira beleza está no Espírito que se liberta das amarras do materialismo preponderante.

O ser realmente belo será aquele que se entregue, não à imagem refletida numa superfície refletora, mas se doe profundamente, por amor, aos outros.

Redação do Momento Espírita, com base em
artigo de Mário Pereyra, disponível no site
http://dialogue.adventist.org/articles/10_1_pereyra_p.htm.
Em 20.6.2014.

           Há poucos dias, conversava com jovem senhora e ela me dizia:

            - Tenho sofrido muito. As “coisas” não dão certo para mim, nos campos: profissional, afetivo e econômico. Porque será que isso acontece comigo? Com a minha irmã é o contrário: tudo dá certo para ela. Será que estou pagando meus pecados? Deus está me castigando? Não entendo essa diversidade de sorte.

            A sua expressão facial era de abatimento, sofrimento e desesperança.

            Disse-lhe, então:

            - Vamos nos lembrar da afirmação de Jesus, no relato de Mateus, num momento da sua fala, no famoso Sermão da Montanha: “ Bem-aventurados os aflitos  porque  serão consolados”. ( Mateus, 5:4). (1)

            Ela redargüiu:

            - Como serei consolada se estou aflita?

            - Nesse caso precisamos buscar o entendimento justo e racional.

            Primeiramente é necessário que essa consolação seja entendida como possível de ocorrer não só na vida física, como, também, na vida espiritual.

            É fundamental que tenhamos convicção na imortalidade da alma, ou seja da nossa imortalidade.

            - Ah? Mas é assim?

            - Gostaria de recordar com você o esclarecimento que Allan Kardec (2) nos traz: “ Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máxima seriam um contra-senso; mais ainda, seriam um engodo.”.

            - Então o senhor é kardecista? Indagou.

            - Não. Eu não sou kardecista. Eu sou eu. Uma criatura de Deus, como você. Porém entendi o que você quis dizer. Em verdade sou estudioso da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.

            Voltemos ao nosso tema, pois ser kardecista ou espírita não tem importância. O que é importante é ter o saber para poder ser feliz!

            Com relação ao nosso sofrimento, Deus não é o causador, pois Deus sendo infinitamente sábio, justo e amoroso não vai castigar as suas criaturas, como um pai ignorante ou com mau humor.

            - Não?

            - Não! A dor em nossas vidas, seja ela física, moral ou espiritual é um processo pedagógico divino, pelo qual nós precisamos retificar pensamentos, atos, comportamentos que estão em desacordo com a harmonia das leis Divinas que nos encaminham, indistintamente, à estrada da evolução, felicidade plena.

            - Mas... e as causas do meu sofrimento? Com expressão angustiada ela retorquiu.

            - Ah, sim! Essas causas podem ser atuais, por coisas que você fez sem a necessária precaução e bom-senso e causa anteriores à sua atual existência nesse corpo físico, ou seja numa existência corpórea anterior à sua atual.

            - E pode isso?

            - A Doutrina Espírita nos diz que pode: somos almas ou espíritos imortais e já vivemos anteriormente e após esta estada no corpo físico prosseguiremos em nossa aprendizagem, - como eu já disse – a caminho da felicidade plena.

            - É, é interessante, contudo, ainda há muito o que se falar.

            - Concordo com você, por isso recomendo-lhe a leitura do capítulo V de O Evangelho segundo o Espiritismo (2) e lá terá explicações bem detalhadas sobre: a justiça das aflições, causas atuais das aflições, causas anteriores das aflições, esquecimento do passado, motivos de resignação, bem e mal sofrer e muitos outros temas relacionados.

            - Vou ler! Estou precisando entender melhor tudo isso. Agradecida, porém, já está na hora de retornar ao meu serviço após estes minutinhos para o lanche.

            - Tudo bem! Busque mesmo a orientação, o esclarecimento, pois só assim iremos construindo a nossa felicidade, compreendendo racionalmente as Leis Divinas.

            Até a próxima!

            - Até... tchau. Vou pensando!

Bibliografia:

(1) O Novo Testamento, tradução de Haroldo Dutra, Ed. Conselho Espírita Internacional, Brasília, DF.

(2) O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. Ed. FEB, Brasília