Desde o Século 19, muitos livros foram escritos
sobre o romancista francês Victor Hugo (1802-1885), um dos mais fecundos
escritores da História. Depois de William Shakeaspeare (1554-1616), Victor
Hugo é considerado um dos escritores mais comentados no Ocidente (muitos
dos livros infelizmente se preocuparam mais com aspectos
pessoais/biográficos!!!). Apresento algo inovador (exaustiva comparação
literária analítica das obras do Escritor Victor Hugo com as do
Espírito Victor Hugo), considerando o advento do Espiritismo (1857-1868),
Doutrina organizada em Paris pelo educador Allan Kardec (1804-1869),
proporcionando oportunidade para que médiuns psicografem livros mediúnicos,
ditados por Espíritos que viveram na Terra. Consta que Victor Hugo ditou
mensagens e livros através de médiuns no início do Século 20, como o
português Fernando de Lacerda (1865-1918) e os brasileiros Carmine
Mirabelli (1889-1951) e Zilda Gama (1878-1969). Através do médium também
brasileiro Divaldo Franco (1927- ), Victor Hugo ditou oito obras (sete
livros, seis pela Ed. Leal/BA, e uma novela televisiva): Párias em
Redenção (único pela Editora FEB/RJ, 1973), Sublime Expiação
(1973), Do Abismo às Estrelas (1975), Calvário de Libertação
(1980), Árdua Ascensão (1985), Os Diamantes Fatídicos (2001)
e Quedas e Ascensão (2003). Esse estudo só foi possível graças ao
advento do computador pessoal (!). Sou um advogado, pesquisador e
historiador espírita; 90% dos 17 livros que organizei e 598 dos artigos que
escrevi representaram pesquisas espíritas, e o restante foram reportagens
(relacionadas). Portanto, fique claro que sou um despretensioso pesquisador;
algum entendido, se pesquisasse certamente identificaria nas Obras de
Victor Hugo um número muitíssimo maior de figuras: de linguagem, de
construção, de pensamento e de palavras...
I - Análise Literária Comparativa Marcante de 11
Aspectos Literários - Legenda:
*Escritor Victor Hugo, em Os Miseráveis, monumental e principal obra do
autor); *Espírito Victor Hugo (nos sete romances mediúnicos pelo médium
Divaldo); *número de vezes em que apareceu o item destacado em Os
Miseráveis, e nas Obras mediúnicas de Victor Hugo por Divaldo).
Por limitações de espaço foi possível fazer só uma
(infelizmente não mais) citação literária comparativa explícita e quantificações
em 11 itens; em outros 23 itens feitas só as quantificações;
em outros 16 itens, só referências (mas estaria apto a fazer
citações e quantificações de todos itens...):
1) Uso de Latim (Victor Hugo era latinista
nato; na puberdade tinha conhecimento maior que professor e traduzia os
clássicos latinos): *Escritor Victor Hugo: (*apareceram pelo menos
83 vezes o Uso de Latim em Os Miseráveis) - Est
modus in rebus (há uma medida para cada coisa) - 1ª Parte, Livro 3º,
Cap. VII; *Espírito Victor Hugo: (apareceram pelo menos
64 vezes o Uso de Latim nos livros mediúnicos por Divaldo)
- Animus meminisse horret (minh'alma freme de horror ao recordar
tais coisas) - Calvário de Libertação, Victor Hugo, 1ª Parte, 7, pág. 52;
2) Utilização de Várias Figuras de Linguagem ou
de Retórica (Uso de palavras divergentes de seu significado habitual,
visando literariamente alterar a ênfase, expressão, comparação e clareza -
se valendo da ambiguidade e do literal/figurado); são recursos literários
não empregados com facilidade ou utilizados por qualquer pessoa) e/ou Conotação
(teor subjacente ou subjetivo da palavra além do literal):
*Escritor Victor Hugo: (apareceram pelo
menos 661 vezes as Figuras de Linguagem) - ¨qual animal
bravio assustado em procura de abrigo¨ (Metáfora-comparação
de dois termos sem conectivo) - 1ª Parte, Livro 2º, Cap. XIII; - ¨pulou
como uma pantera¨ (Hipérbole-exagerar expressão) - 1ª Parte, Livro
5º, Cap. XII; ¨O passado tem um rosto¨ (Metonímia-emprego de um
termo por outro, dada relação de semelhança ou possibilidade de associação)
- 2ª Parte, Livro 6º, Cap. XI; - ¨subiam, dos dois lados de seu
rosto, enormes suíças¨ (Catacrese-palavra que não descreve com
exatidão o que se quer expressar mas é adotada, como gírias do dia-a-dia) -
1ª Parte, Livro 5º, Cap. V; - ¨fora de lugar em toda essa cena como
uma estátua quebrada à espera de que a ponham em algum canto¨ (Comparação
Metafórica Com Conectivo) - 1ª Parte, Livro 5º, Cap. XIII; - ¨A
juventude é o sorriso¨... (Sinédoque-atribuição da parte pelo
todo; os jovens que o são...) - 5ª Parte, Livro 1º, Cap. X; -
¨seus ossos transformam-se em pedras¨ - Segunda Parte, Livro Sétimo,
Cap. II (Conotação);
*Espírito Victor Hugo: (apareceram pelo
menos ¨1.145¨ vezes as Figuras de Linguagem): - ¨recolher
essas avezitas que tombaram do ninho maternal¨ (Metáfora) - Árdua
Ascensão, Victor Hugo, 3ª Parte, 8, pág. 320; - ¨os cadáveres das
paixões¨ (Hipérbole) - Árdua Ascensão, Victor Hugo, 2ª Parte, 15,
pág. 271; - ¨sementes do Evangelho que colocamos no solo das almas¨ (Metonímia)
- Calvário de Libertação, Victor Hugo, 4ª Parte, 7, pág. 345; - ¨à
sombra do esqueleto de concreto armado¨ (Catacrese) - Párias de
Libertação, Victor Hugo, 3º Livro, 6, pág. 376; - ¨a indiferença
pela pobreza¨ (Sinédoque; a indiferença é pelos pobres...)
- Os Diamantes Fatídicos, Victor Hugo, Livro Segundo, 4, pág. 245; -
¨Eu era livre como os pássaros do céu¨ (comparação metafórica com
conectivo) - Párias de Libertação, Victor Hugo, Segundo Livro, 8, pág.
288; converter as pedras do nosso orgulho em pães da humildade (Conotação);
3) Uso de Mesóclises (intercalação de
pronome átono em um verbo) *Escritor Victor Hugo (apareceu o Uso de
Mesóclises pelo menos 25 vezes: - ¨os joelhos dobraram-se-lhes¨ -
Primeira Parte, Livro Segundo, Cap. XIII; *Espírito Victor Hugo:
(apareceu o Uso de Mesóclises pelo menos ¨321¨ vezes): - ¨força
da saudade a assenhorear-se-lhe do espírito¨ - Calvário de Libertação,
Victor Hugo, Segunda Parte, 3, pág. 118;
4) Uso de Expressões Gramaticais Reflexivas
Usando Verbos Irregulares, isto é, que sofrem alteração na conjugação,
no radical ou na desinência (extremidade), no presente do subjuntivo:
Digamos Logo a Palavra, Digamos de Passagem, Digamos Melhor, Digamos sem
Rebuços, Digamos sem Rodeios, Digamos de uma Vez, Digamos Assim, Digamos a
Verdade, asseveremos etc; *Escritor Hugo: (apareceram pelo
menos 38 vezes) - ¨Esse homem, digamos logo a palavra, era um
velho convencionalista¨ - Primeira Parte, Livro Primeiro, Cap. X); *Espírito
Victor Hugo: (apareceram pelo menos ¨63¨ vezes): - ¨Sem
mais rodeios asseveremos que¨ - Calvário de Libertação, Victor Hugo,
Segunda Parte, 1, pág. 87;
5) Utilização de Antíteses/Contrastes/Paradoxos
(ideias opostas/contraditórias/contrários intensos/extremar x depreciar): *Escritor
Victor Hugo: (apareceram pelo menos 75 vezes): - ¨era a
extrema miséria combinada com o extremo asseio¨ - Segunda Parte, Livro
Terceiro, Cap. VI, vol. 2, pág. 347; *Espírito Victor Hugo: (apareceram
pelo menos 75 vezes): - ¨o aço da confiança, no fogo da
solidariedade¨ - Sublime Expiação, Victor Hugo, Livro Primeiro, 7,
pág. 90. Enfatize-se que os Contrastes/Contrários apareceram em
todos títulos de seus romances mediúnicos: Párias em Redenção, Sublime
Expiação, Do Abismo às Estrelas, Calvário de Libertação, Árdua
Ascensão, Os Diamantes Fatídicos e Quedas e Ascensão.
6) Utilização do Burlesco (cômico): - *Escritor
Victor Hugo: (apareceram pelo menos 64 vezes):- ¨A
transição de um boiadeiro em carmelita nada tem de extraordinário; o fundo
comum de ignorância das vilas e claustros serve de preparação perfeita e
põe imediatamente o camponês ao nível do monge¨ - Primeira Parte, Livro
Sétimo, Cap. I; *Espírito Victor Hugo (apareceram pelo menos
14 vezes): - ¨Era um misto de anjo barroco, pelo aspecto corporal,
gordo e de rosto rechonchudo, e de um ancião, caracterizado pela sabedoria¨
- Árdua Ascensão, Victor Hugo, Primeira Parte, 3, pág. 30;
7) Uso de Advérbios Formados por Derivação
Parassintética (sufixo ou prefixo se acrescentam à palavra primitiva de
forma dependente), Derivação Prefixal ou Derivação Sufixal: -
*Escritor Victor Hugo: (Derivação Parassintética: apareceram
pelo menos 15 vezes) - inexprimivelmente...;
Segunda Parte, Livro Quarto, Cap. II; (Derivação Sufixal: apareceram
pelo menos 41 vezes) - convenientemente - Primeira Parte,
Livro Primeiro, Cap. VI; (Derivação Prefixal: apareceram pelo menos
114 vezes) - insondáveis - Primeira Parte, Livro Terceiro,
Cap. II;
*Espírito Victor Hugo: (Derivação
Parassintética: apareceram pelo menos 50 vezes) - desapiedadamente
- Árdua Ascensão, Victor Hugo, Primeira Parte, 2, pág. 24; (Derivação
Sufixal: apareceram pelo menos 15 vezes) - azedamente
- Árdua Ascensão, Victor Hugo, Terceira Parte, 2, pág. 285; (Derivação
Prefixal: apareceram pelo menos ¨527¨ vezes) - Infelicidade
- Árdua Ascensão, Victor Hugo, Primeira Parte, 2, pág. 20;
8) Uso de Mitologia: *Escritor Victor Hugo:
(apareceram pelo menos 84 vezes) - ¨Arfritite, mulher
de Netuno¨ - Quinta Parte, Livro Quinto, Cap. VI; *Espírito
Victor Hugo: (apareceram pelo menos 47 vezes) -
¨padecendo o horror do tonel das Danaides¨ - Árdua Ascensão, Victor Hugo,
Primeira Parte, 1, pág. 15
9) Modo Descritivo (de pessoas, fatos e
coisas, minuciosamente, do ponto de vista físico, psicológico etc, se
valendo do burlesco permeado com linguagem metafórica): *Escritor Victor
Hugo: (apareceram pelo menos 37 vezes); - ¨Tholomyés
era o tipo do estudante experimentado; era rico, com seus quatro mil
francos de renda, um escândalo na pequena colina de Santa Genoveva.
Tholomyés era um gozador, com seus trinta anos muito mal conservados. Tinha
rugas, mas não tinha dentes, e começava a se esboçar uma calvície que o
fazia dizer sem tristeza: cabeça de trinta anos, joelhos de quarenta¨. -
Primeira Parte, Livro Terceiro, Cap. II; *Espírito Victor
Hugo: (apareceram pelo menos 39 vezes) - ¨A boca,
sedutora dantanho, é um traço ensanguentado na face amarfanhada, na qual se
destacam os dois olhos congestionados a saltarem das órbitas. O
rosto macerado perdeu toda a cor e vida; um filete de sangue lhe escorre
pela fossa nasal; a cabeleira, basta e empastada à testa larga, coroa-a de
horror, causando náuseas. De mãos crispadas e miraculosamente intumescida, é
mais parecida a um monstro que se evadisse do Hades¨... - Párias
de Libertação, Victor Hugo, Livro Primeiro, 6, pág. 85;
10) Uso de Mitologia: *Escritor Victor
Hugo: (Uso de Mitologia apareceu pelo menos 84 vezes)
- ¨Arfritite, mulher de Netuno¨ - Quinta Parte, Livro Quinto,
Cap. VI; *Espírito Victor Hugo: (Uso de Mitologia apareceu pelo
menos 47 vezes) - ¨padecendo o horror do tonel das Danaides¨ -
Árdua Ascensão, Victor Hugo, Primeira Parte, 1, pág. 15
11) Uso de Repetições como Ênfase, com Valor
Aproximado Superlativo: *Escritor Victor Hugo: (apareceram
pelo menos 61 vezes) -¨Ventos, nuvens, turbilhões,
rajadas, estrelas inúteis¨; Primeira Parte, Livro Segundo, Cap. VIII;
*Espírito Victor Hugo: (apareceram pelo menos ¨388¨ vezes)
- ¨culminâncias do martírio, da glória, da renúncia, do heroísmo, da
santificação, da beleza¨ - Do Abismo às Estrelas, Victor Hugo, Segunda
Parte, 3, pág. 88.
Outros itens estudados como características
recorrentes nas Obras Completas de Victor Hugo que pude identificar (não
citaremos por falta de espaço), arrolo as quantificações: 12) Citação
das Cores: branco (a), preto/negro (a) e vermelho (a) (*Escritor
Victor Hugo: apareceram pelo menos 92 vezes; *Espírito
Victor Hugo: apareceram pelo menos 75 vezes); Uso das
Adjetivações: 13) Supremo (a) (*Escritor Victor Hugo:
apareceram pelo menos 20 vezes; *Espírito Victor Hugo:
apareceram pelo menos 29 vezes), 14) Sublime (*Escritor
Hugo: apareceram pelo menos 21 vezes; Espírito Victor
Hugo: apareceram pelo menos 78 vezes) e 15) Abismo (*Escritor
Victor Hugo: apareceram pelo menos 92 vezes; *Espírito
Victor Hugo: apareceram pelo menos 30 vezes); 16) Citações
de uma das 4 Estações Climáticas (*Escritor Victor Hugo: apareceram
pelo menos 116 vezes; *Espírito Victor Hugo: apareceram pelo
menos 72 vezes); 17) Lista Onomástica (nomes próprios de
pessoas conhecidas e contextualizadas historicamente: (*Escritor Victor
Hugo, apareceram pelo menos 754 pessoas; *Espírito Victor
Hugo: apareceram pelo menos 330 pessoas); 18) Uso de
Parêntesis e 19) Uso de Dois Travessões: (*Escritor Victor
Hugo: apareceram pelo menos 27 vezes os parênteses e pelo
menos 37 vezes os dois travessões; *Espírito Victor Hugo:
apareceram pelo menos ¨142¨ vezes os parênteses e pelo
menos ¨690¨ vezes os dois travessões): Obs.: Em 18 e 19: Em
discurso direto, usados para: a) indicar a fala da personagem ou a mudança
de interlocutor nos diálogos; b) separar expressões ou frases explicativas,
intercaladas; c) destacar algum elemento no interior da frase, servindo
muitas vezes para realçar o aposto; d) substituir uso de parênteses,
vírgulas e dois-pontos; 20) Citações Históricas e Geográficas de Todo o
Mundo (cidadania, nomes de lugares, províncias, cidades, fatos, locais,
edificações históricas etc): (*Escritor: apareceram pelo menos 399
vezes; *Espírito Victor Hugo: apareceram pelo menos
¨679¨ vezes); 21) Citações de Obras Culturais e Personagens:
(*Escritor Victor Hugo: apareceram pelo menos 170 vezes;
Espírito Victor Hugo: apareceram pelo menos 91 vezes);
22) Citações Religiosas: (*Escritor Victor Hugo: apareceram
pelo menos 44 vezes; *Espírito Victor Hugo: apareceram pelo
menos ¨170¨ vezes); 23) Guerras, Guerreiros e Militares:
(*Escritor Victor Hugo: apareceram pelo menos 161 vezes; Espírito
Victor Hugo: apareceram pelo menos 23 vezes); 24) Uso
da Conjunção Enquanto, no Prefácio: *Escritor Victor
Hugo: (4 vezes); *Espírito Victor Hugo: (5 vezes,
em Párias em Redenção);
II - Conclusões: a) um estudo como esse
possui particularidades. Dos 50 tipos de características literárias que
identifiquei/contabilizei (dentro das minhas limitações), várias apareceram
em livros dos críticos de Victor Hugo, comentadas, mas não quantificadas...;
Victor Hugo foi um autor enciclopédico, pois transitou com
naturalidade pelas citações referentes ao conhecimento literário,
histórico, religioso, geográfico, psicológico, estrategista militar etc,
viabilizando uma pesquisa como essa; b) no que refere à forma, semântica
e gramática, demonstrei que as características Literárias encontradas
nas Obras Completas do Escritor Victor Hugo apareceram nas obras dele
como Espírito, através do médium Divaldo; do mesmo modo, no que tange
ao conteúdo das obras mediúnicas, muitos temas abordados pelo
escritor Victor Hugo apareceram igualmente nos romances mediúnicos, como a
25) marginalização, 26) favela, 27) violência, 28) amor, a 29) mulher, 30)
orfandade, 31) educação, 32) matrimônio, 33) morte etc); c) as
especificidades caracterizaram indiscutivelmente a identidade do grande e
reconhecido escritor (no estilo, na forma e no conteúdo); d)
considerando que esse espaço só comportava breves citações comparativas e
quantificações, fiz somente algumas, tomando como referência sua magistral
obra, Os Miseráveis. Mas as principais características literárias se
repetiram em todas as obras do escritor Victor Hugo (também na poesia e
na prosa), e não as quantifiquei pois a diferença seria apenas matemática
e em nada alteraria o objetivo do presente; Victor Hugo agora é apenas um Espírito
que se manifesta à Terra, querendo transmitir ensinamentos, no estágio de
evolução em que se encontra. Algumas Figuras de Linguagem diminuíram e
outras se multiplicaram (em apenas um romance mediúnico, apareceram
isoladamente em quantidade cinco vezes maior do que em Os Miseráveis);
e) um estudo feito sobre alguém, tomando como base e comparando
literariamente as Obras Completas do escritor, com as Obras Completas dele
como Espírito, através de um médium, é algo jamais ocorrido antes e esta é
a novidade do assunto tratado; f) importante observar que Victor
Hugo se evidenciou nas obras mediúnicas não somente pelas suas
características literárias mais quantitativas, mas também nos pequenos
detalhes (o que torna o fato mais significativo e representativo), os
quais só mencionaremos sem quantificação pois foram somente episódicos (que
apareceram nas obras como escritor e como Espírito): algumas vezes, os
títulos dos Capítulos foram: 34) data, 35) em latim, 36) um local, 37) um
nome de personagem ou 38) uma Figura de Linguagem; nos romances, sempre
comentados/abordados aspectos 39) social, 40) científico, 41) médico,
42) jurídico, 43) biológico, referência a 44) Deus e a 45) Jesus, 46)
citações no idioma castelhano, 47) citações no idioma italiano, citações de
suas adoradas 48) Paris e 49) França;
III - Esclarecimentos Importantes: -
Comparar as obras de alguém (escritor ou artista) quando viveu na Terra,
com as obras na condição de Espírito, não se deve esperar encontrar
absoluta igualdade das características literárias quantitativas que ele
apresentou no mundo (mormente, quando se passaram séculos...); os Espíritos
estão em permanente evolução, adquirindo novos conhecimentos e conquistas
intelecto-morais-sentimentais, como ocorre com qualquer um de nós (só
pensar em alguém, que produz algo num momento, é de se esperar que cem anos
depois ele produza alguma coisa da mesma forma??; por qual motivo ele
ficaria paralisado no tempo??; todos testemunhamos que numa única
existência um intelectual ou artista modifica várias vezes sua forma de ser
e exprimir-se!!). O que se deve esperar sim é encontrar as marcantes nuances
e peculiaridades do ser inteligente. Se alguém manifestou algumas
particularidades numa época, obviamente elas se manifestaram numa certa contextualização.
Victor Hugo demorou 14 anos para escrever Os Miseráveis; ele estava
na condição de um dos principais romancistas da época. Como Espírito,
através de Divaldo, ele consumiu só um mês para ditar um dos romances (Párias
em Redenção), aproveitando a disponibilidade do médium (que vimos ter
atuação ultra-multifacetária). Victor Hugo não está mais na condição
de grande romancista, e por isso encontraram-se indiscutivelmente (e
o demonstrei inegavel e quantitativamente) suas peculiaridades, algumas
numa escala menor de valores, enquanto outras numa escala superior de
utilização. Por exemplo, Victor Hugo como escritor: - usou muitas
digressões históricas no romance Os Miseráveis (e em outras obras) e
ele fazia pesquisas para isso; - compreensível sua preocupação de escrever
da melhor forma, ser avaliado intelectualmente, manifestar a alta
capacitação de romancista e por isso o rigor das citações. Em Os
Miseráveis ele fazia pausas no romance (Cor Local) para
contextualizar a situação; numa delas comentou a história do
desenvolvimento dos subterrâneos parisienses (o esgoto) desde a Idade
Média, ocupando oito Capítulos da obra para abordar isso detalhadamente (5ª
Parte, Livro 2º, Caps. 1 a 6, e 5ª Parte, Livro 3º, Caps. 1 e 2); idem
sobre Waterloo (Batalha de 1815, motins de 1832); também sobre a
marginalização social etc. Com relação aos personagens e o enredo, das 5
Partes da Obra (cada uma com vários Livros e Capítulos), algumas foram
dedicadas aos personagens Fantine, Cosette, Marius etc; - cada
personagem teve desdobramentos de identidade, presentes os contrastes e o Grotesco,
criando situações tragicômicas. A começar pelo personagem principal Jean
Valjean, que ficou condenado por ¨19 anos¨ por ter furtado ¨um pão¨!!!,
para dar à família faminta; depois dele ter cumprido pena, não foi
aceito/recebido em lugar algum; não tendo onde ficar, sua única saída foi
procurar abrigo na casinha de um cão, donde também foi expulso, pelo
próprio cachorro!!... Valjean era revoltado e rancoroso; ele assume outros
papeis, como Madeleine, próspero/bondoso/caridoso empresário!, e também
Ultime Fauchelevent, Monsieur Lebranc, Urbain Fabre. Outro personagem foi a
jovem e amorosa rapariga Fantine, extorquida pelo casal Thénardier, para
que cuidassem da filha dela; não tendo mais como explorar a jovem, o casal
exigiu de Fantine: que cortasse e vendesse os próprios cabelos, os dentes,
costurasse 17 h por dia, sem cama e obrigando-a a prostituir-se!!. Cada
situação Victor Hugo escreveu com grande riqueza literária e 50) Grotescamente
(que no romantismo é o que passa naturalmente da tragédia à comédia, e foi
uma das principais marcas do Escritor Victor Hugo). Como Espírito, sua
característica de fazer digressões se manteve, como igualmente todas outras
peculiaridades do escritor, mas algumas apresentou de maneira sintética,
enquanto outras mais desenvolvidas como mencionado. Na condição espiritual,
ele fez suas digressões de maneira direta e pontual, ocupando só uma página
ou alguns parágrafos (e não mais os vários Capítulos); os personagens não
possuem tantas incidências circunstanciais patéticas. Além do que, as
narrativas do Espírito Victor Hugo não são mais romances (estórias), mas
sim relatos verdadeiros da vida espiritual, retratando vivências de pessoas
conhecidas (que viveram na Terra - como é o caso do médium Chico Xavier
(1910-2002), cujo histórico real biográfico encontra-se no personagem Armindo,
em o livro Árdua Ascensão; ou Victor Hugo retratou personagens que
ainda vivem no mundo, relatando vidas passadas (reencarnação), como o
famoso ex-toureiro Álvaro Múnera Builes (1965- ), chamado Pilarico
(http://www.vice.com/read/bullfighter-152-v15n10), que ficou paraplégico
numa tourada na Espanha e se tornou opoente da tauromarquia; em 2012 morava
na Colômbia, e teve sua história espiritual retratada com o pseudônimo Pilarzito,
na obra Quedas e Ascensão (Múnera expressamente consentiu que eu
tornasse pública sua identidade nesse romance).
IV - Metodologia: Li livros de críticos
sobre Victor Hugo e historiadores (da Europa e América); por dois anos
pesquisei na Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade, em São Paulo (a
que possui maior acervo de livros sobre Victor Hugo no país); tive acesso a
80 obras sobre ele (desde Séc. 19 até Séc. 21, chegando até Graham Robb,
U.S., 1997). Anotei as principais características de Victor Hugo
citadas/identificadas pelos autores. Mais tarde, adquiri as Obras Completas
(44 volumes, Ed. Américas, São Paulo/SP, 1944) e em seis anos li todos
volumes, e marquei as características que havia registrado antes (na
pesquisa na Biblioteca Pública), como sendo as mais determinantes. Quando
comecei a ler as obras de Victor Hugo identifiquei outras
características/peculiaridades que poderiam ser destacadas, as quais nunca
foram registradas ou quantificadas; finalmente, li os livros mediúnicos do
Espírito Victor Hugo através de Divaldo. Esse rastreamento enciclopédico me
habilitaria a escrever vários livros específicos sobre ele, com as
peculiaridades destacadas...
V - Explicação-Justificativa: Em 1993 li
um livro psicografado pelo médium Divaldo, ditado pelo Espírito Victor Hugo,
e me impressionei com as peculiaridades literárias: no vocabulário, na
forma, no enredo, nas características gramaticais. Estudei e me
aprofundei nas Obras Completas desse escritor, e também nas suas obras
mediúnicas através de Divaldo; apostei que se assim o fizesse,
encontraria as características literárias do escritor Victor Hugo,
presentes igualmente nas obras mediúnicas do Espírito Victor Hugo; e isso
se comprovou, como demonstrado acima. Sabia que o médium Divaldo não
reunia condições materiais/intelectuais para escrever livros à maneira de
Victor Hugo, ou que pudesse conhecer as singulares características do
escritor, por seis motivos principais: 1) Divaldo tem instrução elementar
(nem o Ginásio cursou); 2) ele possui agenda repleta de palestras em todo o
Brasil e em vários países (cerca de ¨300¨ por ano); 3) ele dirige uma obra
socioeducacional inigualável no mundo (por onde passam 5 mil pessoas por
dia, que formou 160 mil crianças/jovens no ensino fundamental, e atendeu
hum milhão de pessoas carentes - 1947 até 2010; Divaldo tem 612 filhos
adotivos); 4) ele possui uma extensa gama de outros livros/mensagens
psicografadas (em 2012, mais de 250 obras), ditadas por outros Espíritos
(centenas deles); 5) os estilos e temas dos outros livros psicografados são
completamente diferentes dos de Victor Hugo (crônicas, infantil, poesia,
doutrinários, teológico, narrações evangélicas, temas de interesse familiar
e das ciências psíquicas - psicologia e psiquiatria); 6) algo inédito é que
Divaldo é o único médium no mundo (até o ano de 2012), que psicografou
seis livros/opúsculos de autores espirituais, que em vida foram Prêmios
Nobel de Literatura: o poeta indiano Rabindranath Tagore (1861-1941),
premiado em 1913, e a contista sueca Selma Lagerlöff (1848-1940), ganhadora
em 1909; esses Autores Espirituais tiveram igualmente suas características
literárias peculiares encontradas nas obras mediúnicas, mas não
enciclopédicas e diversificadas como as que o Espírito Victor
Hugo apresentou, e por isso não caberia um estudo como esse. Victor
Hugo só não ganhou o Prêmio Nobel porque ele morreu (1885) antes da
premiação ser instituída (1901). Victor Hugo foi nomeado membro da Academia
Francesa de Letras, em 1841, e isso equivaleu em França a receber um Prêmio
Nobel à época, pelo que representava o prêmio no contexto
cultural/intelectual do mundo. Considerando, portanto, o Modus Vivendi e
Operandi de Divaldo, evidente ser impossível ele conhecer Detalhes/Especificidades
da Obra Literária de Victor Hugo, que o habilitassem a escrever livros (e
não só versos ou mensagens) atribuídos a ele. Mergulhei no universo
hugoano, por vinte anos, totalizando a leitura de mais de cento e vinte
livros específicos (dele e sobre ele), totalizando cerca de 70 mil
anotações!! (não tinha intimidade com as obras de Victor Hugo pois no
Brasil a grade curricular escolar prevê somente literatura luso-brasileira
- Portugal/Brasil; conhecia pouco de Victor Hugo através de filmes de
cinema e trechos de poesias/romances). Quantifiquei características
literárias de Victor Hugo como jamais realizado, algumas que não se
encontram em nenhum dos livros publicados, pois nunca alguém pretendeu
comparar literariamente livros de um Escritor com livros ditados pelo autor
agora na condição de Espírito (com a agravante de não tratar-se de um escritor
qualquer...). Como adepto do Espiritismo, quis buscar indícios em
favor da demonstração da realidade da vida após a morte. Existem no
mundo muitos estudos nesse sentido, nas áreas científica e das ciências
psíquicas. Mas quanto mais evidências, também na abordagem literária,
melhor contribuição para demonstração que o berço não é o princípio da
vida, nem o túmulo o fim da existência... Publiquei
livro-coletânea intitulado 100 Reflexões Filosóficas e Cor Local nos
Romances Mediúnicos de Victor Hugo pelo Médium Divaldo Franco, Ed.
Leal/BA, 2009. Nesse livro se evidenciou bastante a ocorrência das
peculiaridades/características literárias hugoanas no que toca ao conteúdo,
dividido o livro em cinco partes, com Cor Local (ambientação ou
digressão no enredo) com as seguintes Reflexões/Digressões Filosóficas:
Sociológicas, Psicológicas, Espíritas, Religiosas e Históricas, as
quais foram todas temáticas recorrentes do escritor.... Para encerrar,
comento como curiosidade, que livros e mensagens ditadas por Victor Hugo,
psicografadas pelos outros citados médiuns (e também por Divaldo), nuances
de Victor Hugo também apareceram (como por exemplo, títulos de Capítulos ou
mensagens como sendo uma Evocação - Homens Da Terra...), mas
cujas peculiaridades nos outros médiuns foram em número bem inferior ao
que apareceu na psicografia por Divaldo ...
Obs.: Desnecessário arrolar a bibliografia da mais
de centena de livros consultados (por serem eles presumíveis e por falta de
espaço); como referência de consulta no idioma francês, utilizamos Victor
Hugo, Oeuvres Complètes, Éditions Robert Laffont S.A., Paris, 1985, Dépôt
légal, février 2002 (que chegou às nossas mãos somente em 2003, quando
já tínhamos concluído as comparações tomando como base a tradução ao
Português das Obras Completas de Victor Hugo, e julgamos totalmente
desnecessário para esse trabalho; mesmo porque fizemos remissões do livro Os
Miseráveis para serem recuperadas em qualquer edição da obra)...
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